"O homem é do tamanho do seu sonho."


Fernando Pessoa

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Porquê de Trabalhar num Serviço de Intervenção Precoce na Infância (IPI)?

A minha escolha pelo trabalho em IPI, teve como principal motivação, o facto de já ter trabalhado com técnicos desta área quando estava no regular e também com alguma formação que fui fazendo, assim, há onze anos comecei a trabalhar como Educadora em Equipas de IPI.
Enquanto Educadora, a minha formação contínua nos últimos anos, teve muito a ver com a filosofia da IPI, quer na articulação entre técnicos e serviços, quer numa filosofia que deixou de centrar a intervenção na criança (encontrando déficies) e passou a intervir com a familia enquanto parceira activa e decisora daquilo que necessitam e querem para as suas crianças. Assim, logo que tive oportunidade fiz uma especialização em : Educação Especial- Problemáticas de Risco, que apesar de ser abrangente, teve uma disciplina de Intervenção Precoce.
A minha continuidade nesta área pretende-se acima de tudo, no acreditar que se a criança/familia tiver acesso a uma intervenção o mais precocemente, independentemente do risco ser : biologico, estabelecido ou ambiental; poder-se-á minimizar ou até mesmo eliminar o risco, e a familia/criança terá um percurso de sucesso com as competências que adquiriu de forma a lidar com a sua problemática, acreditando que familia permanece (em principio) na vida da criança e é a sua principal cuidadora daí apetrechá-la de “conhecimentos” para ser ela a trabalhar com a criança e saber a onde e a quem recorrer quando necessário.

Ainda encontramos alguns resistentes a esta filosofia de intervenção centrada na familia, mas julgo que a sociedade em geral aceita este serviço e o considera muito importante e mais que deveria ter continuidade para além das crianças terem 6 anos (depois de escolarizadas)!
Não é fácil adaptarmo-nos a um modelo que à prior é intrusivo, uma vez que todo ele acenta numa filosofia em que a familia é parceiro activo e em que a intervenção é nos contextos de vida da criança e o técnico é o estranho.
Para mim não foi dificil intervir em contexto de domicilio, porque considero-me uma pessoa com capacidade de adaptação às situações “despida” de preconceitos e também porque tenho um espirito interdisciplinar, que gostaria de transformar em transdisciplinar.
Inicialmente, a sociedade e até mesmo alguns dos parceiros do serviço, consideravam este serviço destinado às familias mais desfavorecidas em que as suas crianças apresentavam um atraso de desenvolvimento ou nasciam com deficiência e também para familias que não conseguiam assegurar um desenvolvimento padrão às suas crianças, neste momento já está desmestificado este paradigma e a maioria já percebeu que este é um serviço com técnicos de intervenção directa da área da educação, das terapias, da psicologia e do serviço social, que dá resposta a todas as sinalizações que chegam ao serviço deste que elegiveis de acordo com a legislação em vigor.